Como tornar o período de férias mais leve, divertido e acolhedor para crianças com TEA

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Especialistas orientam sobre cuidados, planejamento e estratégias para garantir férias mais seguras e agradáveis a crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA).

As férias escolares são esperadas com entusiasmo por muitas famílias, mas para crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA), esse período pode representar grandes desafios. A quebra da rotina, as mudanças de ambiente e os estímulos sensoriais típicos de viagens ou passeios em família podem gerar desconforto e ansiedade. Especialistas destacam, no entanto, que com planejamento e escuta ativa, é possível transformar as férias em uma experiência prazerosa e inclusiva.

Para a psicóloga Clarissa Leão, diretora executiva do Neuropsicocentro (NPC), o primeiro passo é respeitar o ritmo da criança. “Muitas vezes, o que parece diversão para os adultos pode ser exaustivo para uma criança autista. Antes de escolher o destino, é importante considerar o perfil sensorial da criança e buscar ambientes mais previsíveis e tranquilos”, explica.

A previsibilidade, aliás, é um dos pilares para garantir o bem-estar. Criar uma rotina adaptada, com horários visíveis e combinados com antecedência, ajuda a criança a se sentir segura mesmo fora de casa. “Mapear o roteiro com antecedência, mostrar fotos dos lugares, falar sobre o que vai acontecer e, se possível, incluir a criança nas escolhas, é uma forma de envolvê-la no processo”, destaca Silviane Andrade, psicóloga e CEO do NPC.


Outro cuidado importante está nos estímulos do ambiente. Espaços com muito barulho, filas longas ou iluminação intensa podem gerar crises. Levar objetos de conforto, como fones abafadores, brinquedos sensoriais e alimentos que costumam consumir, pode ser uma estratégia eficaz para lidar com esses momentos.

As especialistas reforçam também a importância da escuta ativa dos cuidadores. “É essencial observar os sinais que a criança dá. A linguagem do desconforto nem sempre é verbal, mas o corpo fala. Se a criança demonstrar sinais de estresse, é preciso respeitar seus limites e adaptar o passeio”, pontua Clarissa Leão.

Além disso, incluir momentos de pausa e descanso na programação é fundamental. “O lazer não precisa ser constante e agitado. Férias também são tempo de respiro. Permitir que a criança tenha momentos de não fazer nada, de brincar livremente e de se conectar com o que gosta, é tão importante quanto qualquer passeio elaborado”, finaliza Silviane Andrade.

Com planejamento sensível e acolhimento, as férias podem deixar de ser um desafio e se tornarem um tempo precioso de conexão entre pais e filhos, reforçando vínculos e respeitando as singularidades de cada criança e atenta para espaços que proporcionem condições adequadas para tornar o passeio ainda mais prazeroso para toda a família. 

Fotos: Divulgação

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