O pioneirismo de decretar o fim da escravidão em 1884, quatro anos antes do restante do Brasil, deu ao Ceará o título de Terra da Luz. Mas só em 2011 foi publicada lei no Diário Oficial do Estado tornando o dia 25 de março feriado da Data Magna.
Anualmente, no dia 25 de março o Ceará celebra um verdadeiro marco histórico que simboliza a abolição da escravatura. Entre os heróis da luta pela liberdade, destaca-se Dragão do Mar, um nome que, de forma justa, ecoa até os dias de hoje. Francisco José do Nascimento, mais conhecido como Dragão do Mar, foi um valente abolicionista que usou sua influência e bravura para lutar contra a escravidão. Sua coragem e determinação o tornaram uma figura emblemática da luta pela liberdade.

Todavia, é importante lembrar que antes a Vila do Acarape, atual Redenção, aboliu o regime escravista em janeiro de 1883, enquanto o Brasil, por sua vez, só iria decretar o fim da escravidão em 13 de maio 1888, com a Lei Áurea assinada pela Princesa Isabel.
Ao celebrarmos a Data Magna, mais do que recordar um evento histórico e cultural, faz-se reverência à força, resiliência e à coragem dos que se levantaram e daqueles que continuam a se erguer contra a opressão. É um dia de reflexão sobre os sacrifícios feitos em prol da liberdade e sobre os desafios que ainda persistem em nossa sociedade.
Comemorações
O Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, equipamento da Secretaria da Cultura do Estado do Ceará (Secult Ceará), gerido pelo Instituto Dragão do Mar (IDM), realiza uma programação especial em alusão à Data Magna do Ceará. A iniciativa visa destacar o protagonismo das pessoas negras em diversos contextos históricos e espaços sociais.
Dragão no Território: Preta Simoa e os Direitos das Mulheres
Dando início às atividades, no dia 29 de março (sábado), das 9h às 11h, acontece a ação “Dragão no Território: Preta Simoa e os Direitos das Mulheres”, no Bairro Moura Brasil. O encontro contará com a participação da especialista Louise Santana, bacharel em Direito, especialista em Gestão Educacional e Direito Eleitoral e consultora em soluções educacionais para metodologias inclusivas e práticas cooperativas.
A discussão abordará os direitos das mulheres, seus avanços e desafios, tendo como ponto de partida a trajetória de Preta Simoa, importante liderança feminina cearense. Preta Simoa teve papel fundamental na mobilização dos jangadeiros contra o transporte de negros escravizados para a capital da província do Ceará no século XIX, além de ser reconhecida por sua atuação na luta pelos direitos das mulheres e da população negra.
Mulheres em Cena: As Guardiãs das Encantarias
Ainda no sábado, às 16h, acontece a última edição do “Mulheres em Cena: As Guardiãs das Encantarias”, uma roda de conversa promovida pelo Museu da Cultura Cearense (MCC). O encontro será realizado na Praça Verde e contará com a participação de Clea do Cumbe e Cícera Barbosa, com mediação de Mabel Castro.
Cleomar Ribeiro da Rocha, conhecida como Clea do Cumbe, é mulher quilombola, pescadora do mangue, defensora dos direitos humanos, ambientalista e agente cultural. Desde 1996, atua na luta pela defesa do território quilombola de uso comunitário e na afirmação da identidade quilombola pesqueira.
Ativista e defensora da inclusão cultural nas políticas públicas, Cícera Barbosa destaca a importância de promover diálogos sobre os direitos da população negra e os desafios ainda existentes para a garantia de suas conquistas.